1 – Umbrello

Tluck…

tlock…

tluck…

tlock…

tluck…

tlock…

tluck…

tlock…

Faucet running… tluck… tlock…

she’s daydreaming again

tluck… tlock…

where is she going today…

tluck… tlock…

water’ splashing

snow’s falling

the windows are white as the sky

she is slipping away

sleeping awake

down the rabbit hole inside her brain

She’s not Alice, no sir

Nameless she must remain

tluck… tlock…

down the rain

tluck… tlock…

until another land became

Blink blink her eyes are blinking in adjustment

she can’t see a thing

where did she landed

only whispers she hears

must be noises of everything surrounding

she blinks and blinks and scratch her eyes with her tiny little hands

okay I am here now

I can see a thing

must call it sky because is blue and white

the white are like clouds

but not fluffy like she is used to

more like rounded curtains that you can see through

she is lying down

she normally arrives like that

it is a easier way to jump if you lay down

if you jump laying down you can jump all over the place

but if you are standing up, you can only jump as much as your legs let you

her brain wanted to do more than her legs could anyways…

she sat down now

the ground was like sand, but also like grass

was a mix she couldn’t quite catch

almost like if plants were suddenly made with green sand that got somehow crystallized

it was weird to touch it

it didn’t feel right

felt wet-y and warm… also, it smelled like purring cats.

She got up on her feet and decided to take a look around to see what else was weird in that land she got herself in-to

nothing was really around… she was almost bored

when, out of nowhere, this huge thing sweep-ed her and took her someplace else

what what what was it?

She couldn’t see what was happening

she could only feel her body kind of floating

hello… hello

where are you taking me?

she asked the thing she could not really see the face of or made up what it really was

probably a giant from the land she arrived in

maybe they were mad with her presence

hello… hello…

the thing stopped

she was disappointed

why did you stop?

The thing put her back on the ground

and as it did, she could now clearly see

that the thing was not a thing at all

it was a lamp dressed as a rare white giraffe

maybe it was going to a Halloween party or something

the lamp had really bright eyes

and its body was tall as a tree

maybe giraffe was the only costume it could fit into

Oh hello… said the lamp-giraffe in a very polite manner

sorry I caught you like that, I thought you were going to the party

I was just giving you a ride

how impolite of me not to have asked first

She smiled and nodded, no problem at all

what is your name?

The lamp cleared his gigantic throat and said

Umbrello… but everybody calls me Low

I am the shortest in my family…

She was amazed by that info

She also expected Low to ask her her name, but he didn’t. So she didn’t tell him.

Low started to walk away with nothing else to say

Hey, wait… so he looked back puzzled

Yes?

Can I go to the party, she asked?

Oh, most certainly… what are you?

Hmmm (she thought it was quite obvious) a girl?

Hilarious ha ha ha

great costume

She raised her eyebrows and thought to herself that Low was a little bit cuckoo.

Os pesadelos de Holly – Parte 2

Holly acordou num mundo em que ela não tinha criado. Era tudo tão claro que ela pensou que tinha ficado cega. Ela gritava hello, hello, mas só o eco de sua própria voz a respondia. Ela começou a andar pela vastidão iluminada. Sera que morri? Ela se perguntou. Porem ela não se sentia morta. Ela também não achava que estava no céu ou menos ainda no inferno. Era tudo branco e vazio. Ela se deslocava, mas nada acontecia e parecia que estava sempre no mesmo lugar. Holly estava surpreendentemente tranquila. Não estava assustada ou ansiosa. Estava, na verdade, curiosa. Onde sera que parei? ela pensou, que sonho mais estranho, ela também pensou. E assim, achando que estava dentro de mais um de seus esquisitos sonhos, ela deixou sua imaginação flutuar. Não demorou muito e tudo ao seu redor começou a mudar. Ela imaginou ruas e postes. Árvores e pássaros. Começou a andar e criar no canvas branco onde se encontrava.

Tudo começou a se mover rapidamente. As cores foram impregnando no cenário da imaginação de Holly e tudo se tornou um pouco mais radiante e bonito. Ela continuou andando tranquilamente em seu novo mundo. De algum lugar do alto um grande pássaro fez um voo rasante e Holly ficou inconformada. Ele não era fruto da sua criação, como é que tinha ido parar lá? O pássaro bloqueou sua passagem e Holly o encarou.

O que você quer? O que está fazendo aqui? – O pássaro a olhou curiosamente. Holly podia jurar que o pássaro piscava para ela, mas ele não respondeu. Holly tentou passar pelo lado, mas o pássaro abriu as asas. Sem saber o que fazer, Holly decidiu abrir os braços também e mergulhar em um abraço. Quando ela se aproximou para tocar o pássaro ele desapareceu em fumaça. Puf! E Holly quase se desequilibrou. O caminho adiante tinha mudado novamente. Estava escuro e úmido e completamente silencioso. Holly descobriu que estava com frio e imaginou uma coberta sobre seus ombros. Ela não queria mais andar, estava cansada. Tentou imaginar um abrigo. No fim da rua apareceu uma casa bem tortinha de madeira que mais parecia uma caixa de sapato, mas quando Holly tentou abrir a porta tudo congelou. Sua mão ficou grudada na maçaneta. Ela começou a chutar a pequena porta com toda sua força. A porta quebrou e finalmente ela conseguiu se livrar da maçaneta, mas o abrigo seria inútil para ela.

Do outro lado da rua o pássaro reapareceu sentado num galho de árvore. Holly foi atá a árvore e chorou. O pássaro desceu até ela num pulo e a acolheu embaixo de suas asas. Tudo ficou quente e incrivelmente reconfortante e Holly caiu no sono novamente.


Leia também: Os pesadelos de Holly – parte 1

Vi e uma reunião inesperada

Quando os pássaros sobrevoaram a casa de Vi, eles não puderam ver que algo realmente os esperava. Os pássaros pousaram no jardim e Ami, Ti, Tai e Vi se despediram deles e se aventuraram a entrar na casa, que descobriram sentir tanta falta. Na sala, sentada de forma saturna estava Senhora Temporana. A família, acompanhada de Ami, andou cautelosamente até o sofá. Pé ante pé. Esperando o que estava por vir.

– Ora, ora, ora – Disse Temporana em um tom de voz nada agradável. Finalmente chegaram. Pensaram que poderiam escapar de mim? Pensaram que eu não iria descobrir os planos mirabolantes que tiveram?

Nem um deles falava. Todos olhando para Senhora, pasmos. E ela continuou:

– Quem lhes deu o direito de libertar o líder dos sorrisos livres? Hein?! Quem?! Se acham muito bravos e corajosos? Se acham muito espertos? Pois saibam vocês que tudo o que Cins é hoje, tudo o que Cins possui é por minha causa. Essa era uma terra de tolos. Sorrindo para lá e para cá. Sendo felizes e não se importando com nada. Fazendo amigos. Seguindo sonhos. Não! Não poderia deixar esses tolos controlar a terra de Cins! E agora me vem vocês. Vocês com seus sorrisos proibidos, trazendo problemas de volta para Cins! O que pensavam? Que eu não ia perceber o arco-íris? Que eu não iria notar a visitinha que me fizeram com aquela torta, para tentar roubar de mim informações? Acharam que eu não iria perceber a desordem na rotina do Cinsanos?

Ti, Tai e Vi ainda olhavam arregalados para Senhora, sem nem tentar contestar. Mas Ami, cansado do que estava ouvindo, toda aquela baboseira, decidiu que era hora de por um ponto final naquilo. Ele se aproximou de Senhora. E ela parou de falar enquanto ele se aproximava. Ele chegou mais perto. E mais perto. E mais perto. Até ficar cara a cara com ela. Num movimento que ninguém esperava, Ami a envolveu em seus braços. A abraçou acolhedoramente. A abraçou com muita força. Um abraço de ursa mãe. Um abraço que arranca sentimentos enterrados.

Vi se juntou a Ami no abraço alguns minutos depois. Seu corpinho abraçando as pernas de Temporana. Depois Ti e Tai se juntaram a eles nesse abraço em grupo. E o calor e amor de todos aqueles abraços começou a penetrar Senhora. Entrou em suas mãos, em seus braços e pernas, na barriga, no rosto, nos cabelos, nos dedos do pé, na cabeça e no coração. Depois entrou nas memórias e pensamentos, no amago e alma. O calor foi derretendo seus medos. Foi derretendo suas mágoas. Foi derretendo seus pesadelos. E depois de tudo derretido, o calor daqueles abraços começou a plantar novas sementes. Sonhos. Ternura. Empatia. Compaixão. E, no começo, a Senhora tentou lutar contra isso, tentou manter as raízes de seu azedume, mas os abraços foram mais fortes, mais contagiantes. Os abraços que curam.

Os abraços trouxeram uma nova vida. E dos abraços surgiram os sorrisos. Ami sorriu. Vi sorriu. Ti sorriu. Tai sorriu. E, por fim, se rendendo sem confronto, Senhora Temporana sorriu pela primeira vez em sua vida. E o seu sorriso lhe tornou mais jovem e, também pela primeira vez, mais feliz.


Leia os capítulos anteriores, aqui.

 

Os pesadelos de Holly

A última casa, na última rua, no fim do mundo. Era desse jeito que Holly se sentia. Como se ninguém pudesse vê-la, mas ela podia ver todo mundo. Na sua casa, em seu quarto, debaixo das cobertas na cama, Holly criava um mundo novo. Um mundo onde ela podia explorar todos os cantos. Onde ela podia sonhar a noite toda. Um lugar onde a realidade não a arrastaria escada abaixo, para a vida entediante que ela pensava que tinha. Holly tinha 11 anos. Seus cabelos eram escuros e longos, e ela adorava tranças. Não havia espelhos em sua casa, então ela nunca tinha certeza de sua própria aparência. Ela tentava ver seu reflexo nas panelas e nos talhares de sua mãe, mas a sua mãe não gostava nada disso. Ela dizia “você não precisa ficar se olhando, você tá ótima”. O que deixava Holly triste sobre isso era o fato de que sua mãe nunca a olhava diretamente. Por que ela fazia isso? Quase como se ela não quisesse olhar para Holly.

O pai da Holly era um cara bacana. Ela pensava. Ele era um sonhador. Toda vez que Holly via seu pai, ela podia jurar que ele estava flutuando em uma nuvem de sonhos. Na verdade, ela nunca o viu andar como uma pessoal normal, ele estava sempre flutuando. O único problema era que, assim como sua mãe, seu pai nunca prestou muita atenção a ela. Mesmo se sentindo entediada, deixada para trás, invisível e sozinha, ela sabia que amava seus pais e que seus pais a amavam.

Holly foi para casa depois do último dia de aula arrastando sua mochila pelas calçadas. O dia seguinte seria o primeiro dia de verão. Ela não demonstrava nenhum entusiasmo para o mundo ao redor, mas em sua cabeça, ela estava criando uma incrível aventura de verão. Ela chegou em casa e seus pais não estavam por perto. Como sempre, ela estava sozinha se sentindo sozinha. Ela subiu para o seu quarto, jogou a mochila no canto de uma cadeira, tirou os sapatos e pulou para a cama. Ela ficou deitada lá por horas, olhando para o teto. Ela não tinha certeza se estava no meio de um sonho ou se ela tinha dormido. Finalmente, ela fechou os olhos. Não havia mais teto, não havia mais casa, não havia nada. Ela entrou no mundo dos sonhos. Ela não precisava de mais nada. Assim começou um loooooongo e frio verão. O sonho de Holly não era um sonho. Holly entrou em coma.

Vi e o retorno a Cins

Os pássaros se apresentaram cordialmente e se curvaram para frente para que ficasse mais fácil para a família monta-los. Vi e Tai foram em um pássaro e Ami e Ti no outro. Ti estava meio apreensivo por conta de seu medo de altura, mas o pássaro prometeu que não faria voos rasantes e nem movimentos inesperados. Apenas se fosse realmente necessário. Os pássaros estavam contentes em poder fazer aquela pequena viagem a Cins, pois fazia tempo que Ami os contava historias a respeito da terra e eles gostavam de viajar e quase nunca tiravam ferias em outras terras.

Enquanto voavam, Ami e Ti conversavam sobre o que poderia ter acontecido com Duvidel, filho da Senhora Temporana. Juntos chegaram a teoria de que Duvidel se sentiu culpado por ter capturado Ami a pedido de sua mãe, e percebeu que a mudança em Cins o deixou triste. Porem, não podia encarar sua mãe. Ou talvez, a tenha contestado e mudado de ideia a respeito do plano todo, e ela o transformou em invisível. Ambos gostaram da teoria e decidiram que ficariam com ela até chegar em Cins e que confrontariam Temporona para saber se foi isso mesmo que aconteceu.

No outro pássaro, Vi se aconchegou no colo de sua mãe, e fixou os olhos no céu. Vendo nuvens passaram deslizantes, e notando a mudança de cor da paisagem conforme avançavam.

Quando os pássaros sobrevoaram sobre a Rocha Azul, Tai falou para Vi… Olha filhinha, estamos passando pela Rocha Azul, olha o tamanho da escadaria que descemos, ela disse apontando para a escada encravada na rocha que a família havia descido pouco tempo antes.

Ti falou para Ami, olha lá a rabugenta guardando a porta de entrada da Rocha Azul. E Ami olhou com curiosidade e falou: Que bom que não precisamos fazer o caminho de volta a pé. E Ti concordou.

A viagem de ida, que havia demorado alguns dias, levaria algumas horas voando. Os pássaros seguiam tranquilos como brisa de verão. Suas penas eram macias como travesseiros e eles assoviavam canções de ninar. O dia estava se esvaindo e a noite pintava a paisagem.

Ti e Ami, Tai e Vi se aninharam em seus respectivos pássaros e caíram tranquilamente no sono. Estavam exaustos. E o conforto daquela viagem era tudo o que precisavam. Ao chegar em Cins, Tai iria preparar cafemelo e pão cins para todos eles.

Os quatro embarcaram cada um em um sonho diferente durante a viagem. Eram sonhos cheios de sonhos dentro. Aventuras. Cores. Cheiros. Danças. Alegria. Os melhores sentimentos invadiram os pensamentos dorminhocos.

Ami, Ti, Tai e Vi acordaram com os dois sois brilhando em suas faces. Os pássaros já tinham cruzado a fronteira de Cins. Ti passou as coordenadas para chegarem em casa. Logo, logo estariam la. Ele tinha uma ansiedade dentro dele agora, para saber o que ia acontecer. Para saber o que tinha acontecido enquanto estavam fora. Para saber o que os aguardava. Tai também estava ansiosa. Vi estava animada. E Ami, Ami não perdia as esperanças de que tudo ficaria melhor do que antes.


Leia também: Vi e o primeiro sorriso — Vi e o livro dos sorrisos livres – Parte 1 — Vi e o livro dos sorrisos livres-Parte 2 — Vi e o livro dos sorrisos livres – Parte 3 — Vi e o início de uma nova missão — Vi em busca do líder desaparecido – Parte 1 — Vi em busca do líder desaparecido – Parte 2 — Vi em busca do líder desaparecido – Parte 3 — Vi nas Terras Nem Tão Distantes – Parte 1 — Vi nas Terras Nem Tão Distantes – Parte 2 — Vi nas Terras Nem Tão Distantes – Parte 3 — Vi e o arco-iris – Parte 1 — Vi e o arco-iris – Parte 2 — Vi e o arco-iris – Parte 3 — Vi e o capturador dos sorrisos

 

Vi e o capturador dos sorrisos

Ami começou do começo:
– Cins era uma terra muito alegre. Eu e meus amigos sorríamos e espalhavamos felicidade. Eramos tão contagiantes que começaram a me chamar de líder e a chamar nossa turma de Sorrisos livres. Vivemos bons momentos. Até que alguém não ficou feliz com a nossa felicidade transbordante e resolveu por fim na diversão.
 A família ouvia atenta enquanto Ami falava. 
– Certo dia eu estava andando pelas ruas de Cins e senti a presença de alguém atrás de mim. Quando olhei, não vi nadinha de nada. Continuei meu caminho, mas não deu muito tempo alguém pulou em cima de mim com uma grande coberta preta e me embrulhou. Eu não conseguia ver nada. Me levaram para um quarto, um quarto cheio de livros que nem sabia que existia. 
– O quarto de livros escondidos?perguntou Ti. Ami fez que sim com a cabeça.

– Pois é, deve de ser. Na minha época a gente nem sabia que existia aquele lugar. Me colocaram lá numa cadeira e me desembrulharam. A pessoa que me capturou tinha um livro nas mãos, um de capa de couro marrom. 

– O livro Cins no tempo dos sorrisos livres, afirmou Tai. E Ami fez que sim com a cabeça de novo. 

– Isso. Eu fiquei calado lá, porque tinha uma grande fita na minha boca. Eu aindanão tinha conseguido identificar quem era meu capturador. A pessoa saiu e me trancou lá. Algum tempo depois fingi estar dormindo quando duas pessoas voltaram. Ouvi eles dizendo que iriam me prender na gelatina verde, e logo soube que seria no arco-Íris. Eles me botaram em pé. E finalmente pude ver quem eram… Senhora, Ami falou, enquanto Ti e Tai pensaram a mesma coisa. E o filho dela, Ami continuou. Só que a verdade é que o nome verdadeiro da Senhora é Temporana e o filho dela Duvidel. E elesnão  gostavam nada dos sorrisos livres. Acho que porque eram sozinhos e solitários. Mas, enfim, eu nunca perdi a esperança. Quando me deixaram sozinho de novo, livrei uma das minhas mãos e escrevi o poema enigmático e coloquei no livro. Que imagino foi o que vocês encontraram, certo?!

E a familia respondeu em uníssono:
– Sim, sim.
– Olha, eu realmente pensei que alguém fosse me encontrar antes… Mas o mais curioso é que para me prenderem no arco-Íris, eles tiveram que fazer um aparecer, e eles usaram uma técnica muito maluca, com água e espelhos, mas funcionou. Não sei que engenhoca mirabolante eles fizeram, mas não é que deu certo: E eu achava que o arco-Íris só aparecia quando estávamos felizes.

– Bom – falou Ti – agora sabemos quem fez isso com você e precisamos voltar a Cins e contar para todo mundo o que aconteceu e trazer justiça a Senhora. Ou Temporana… Agora, você falou de Duvidel, não tem nenhum Duvidel em Cins. Eu não conheço. A não ser que ele tenha mudado de nome, o que é possivel. 

Tai confirmava com um movimento de cabeça. Enquanto Vi absorvia toda a informação sendo despejada durante aquela longa conversa. 
– Muito possível, muito possível – Pensou Ami com seus botões. Ou talvez – continuou ele – Duvidel tenha mudado de lado. 
– An?! – Ficou confuso Ti. 

– Pense, no caminho que fizeram, houve alguma ajuda?

– Na verdade, não… começou Ti, passamos por formigões, por sombras zombateiras, por pegadas esquisitas. 

Então Tai exclamou: AS PEGADAS! As pegadas quadradas – ela falava e cutucava o braço de Ti. 
– Ahhhhh – Ti bateu com a mão na testa – As pegadas… As pegadas que distraíram a rabugenta na porta da Rocha Azul… e um frio lhe cortou a espinha.
– Falando nisso – continou Ami – precisamos bolar um plano para voltar. Mas eu tenho uma ideia…

– Ideia – repetiu Vi.

– Que ideia? – Perguntou Tai e Ti ao mesmo tempo.

– Vamos voando!

– Voando?! Interrogou incrédulo o casal.

– Sim! Oras bolas! Confirmou Ami. Aqui tem grandes pássaros e eles são gente boa. Até tentaram me tirar da gelatina, mas as garras não eram grandes o bastante pra me segurar e me puxar. Vou chama-los.

E começou a gritar para o alto: Pa Pa pa Paaaaaa sSa roooosssss Pa pa pa paaaaaaa ssa rooooosssss.
E em pouco tempo grandes pássaros pousaram ao redor de Ami, Tai, Ti e Vi. E eles se encheram de entusiasmos. O retorno para Cins estava garantido! 

______________________________

Capítulos anteriores disponíveis aqui

Vi e o arco-íris – Parte 3

Dentro da Rocha não batia vento, nem um soprinho sequer, mas o frio era presente como um elefante na sala. O brilho do arco-íris que a família seguia era lindo. E, de certa forma, hipnotizante. Ti, Tai e Vi andavam de mãos dadas e em fila indiana. Passo por passo. Quase sem piscar. Nem os ecos que ouviam constantemente os distraía. O arco-íris nascia e morria em algum ponto além da Rocha, e o caminho interno deveria ser o método mais seguro de chegar lá.

O brilho do arco-íris era como pequenas velas iluminando as curvas da rocha, ou seria mesmo uma caverna? E após andarem o que pareceu um tempo bem curto, eles avistaram lá ao longe uma outra porta. Eles avançaram com mais velocidade, ansiosos para ver o lado de fora. Quando abriram a porta os corações saltaram para boca. E os rostos se avermelharam de medo e surpresa.

A porta de saída dava para um cenário exuberante, mas eles estavam quase no topo da Rocha Azul. Como era possível que eles andaram tanto? Como era possível que eles nem perceberam que estavam subindo, escalando a rocha por dentro? Todo o caminho, apesar das curvas e desníveis, pareciam estar sempre seguindo em frente e não para cima.

Agora eles teriam que seguir a escada cravada na rocha do lado oposto ao que entraram. E deste lado da rocha ventava muito. E eles tinham que andar com cuidado, pois qualquer vento mais forte podia derrubá-los.

Ti, que tinha medo de altura, suava frio e andava de lado, com as costas para a paisagem. Com a cara tocando a face gelada da Rocha. Vi estava logo atrás de seu pai, e seguia quase engatinhando pelos degraus escuros. Tai, que estava na ponta, tinha um olho aberto e outro fechado e também seguia com as mãos tremendo, sem saber se era medo ou frio.

E assim, meio aos trancos e barrancos, a família desceu a Rocha Azul. O frio e o medo não os deixou apreciar a paisagem, mas se eles estivessem um pouco mais relaxados, poderiam ver o início e fim do arco-iris. E o líder dos sorrisos livres esperando ali, bem no meio do arco-íris.

***

Quando finalmente eles chegaram ao último degrau da escada rochosa, eles comemoram com uma dancinha engraçada e gritinhos “uhulll”. Ti estava tão aliviado que pegou Vi no colo e a girou até os dois ficarem tontinhos da silva. Tai mal podia controlar o sorriso. Era uma felicidade que dizia “Ufa! Passamos por essa e estamos vivinhos”. Depois de comemorarem, a família se recompôs e finalmente se deixaram abraçar pela incrível paisagem a frente. O arco-íris estava tão perto agora, que mal podiam acreditar.

O arco-íris era enorme e as cores mais convidativas do que podiam imaginar. De longe ninguém poderia ver o que a família estava vendo agora. Cada cor do arco-íris tinha uma textura diferente e um objetivo diferente. A primeira cor era violeta. E ela tinha buraquinhos, que a família depois descobriu que serviria para fazer mais uma escalada. Depois era uma cor anil, um azul escuro. Parecia água, mas não molhava. Depois era a cor azul e parecia céu de brigadeiro. A cor verde, que vinha logo em seguida, parecia gelatina. A cor amarela brilhava com o sol mais quente. A cor laranja tinha cheiro de fruta e, por fim, a cor vermelha, que parecia pulsar como as batidas de um coração.

Vi se aventurou primeiro e começou a escalar a primeira cor, com Tai e Ti logo atrás dela. Enquanto subiam o arco-íris, eles se perguntaram se mais aventuras ou perigos os esperava. Ao chegarem quase no meio do arco-íris, eles ouviram alguém chamar

– Hei, aqui, olá….

Vi acenou com sua mãozinha de criança. Enquanto Tai olhava para Ti para sinalizar que alguém estava ali logo adiante. E a pessoa continuou:

– Até que enfim vocês chegaram!

O líder dos sorrisos livres estava preso na cor verde. Da cintura para baixo submergido na gelatinosa cor. Ele tinha uma aparência jovem, o que levou Tai a pensar que o arco-íris parou o tempo para ele.

– Vocês precisam me puxar com bastante força, para eu poder desentalar, mas não podem tocar no verde. Se tocarem, é capaz de ficarem entalados também.

Ele falava como se já conhecesse a família. Parecia feliz por vê-los e otimista de que poderia escapar daquela gelatina em breve. Tai e Ti falaram juntos:

– Aguente firme aí!

O líder continuou a falar, como se uma boa prosa fosse ajudar a família a andar mais rápido.

– Ah, já ia esquecendo, meu nome é Ami. Nossa, tenho esperado por alguém faz tempo. Achei que ninguém ia vir. Se tiverem com sede, podem colocar a mão na segunda cor. Ela não molha, mas mata a sede. Quanto tempo estão viajando: Eu estou preso aqui faz muitos e muitos anos, mas o tempo não passa. Tem mais gente procurando por mim: Quer dizer, eu fui capturado, achei que alguém ia fazer algo. Mas olha, vou te dizer, nunca perdi as esperanças…

Tai achou o líder engraçado. Ele quase não respirava entre uma frase e outra. Estava tão empolgado de ver o socorro, que não podia se controlar. Enquanto ele falava sem parar, a família avançou chegando agora pertinho dele.

– Oi Ami – falou Vi.

– Oi Ami – falou Tai.

– Oi Ami – falou Ti.

– Oi, oi, oi – falou Ami, sorrindo e estendendo os braços para que a família o salvasse.

Por alguns segundos ninguém falou, concentrados em puxarem Ami para fora da gelatina. Eles puxaram uma, duas, três vez… E pah! pum! bam! Os quatro se atropelaram escorregando pelo céu de brigadeiro, como se fosse tobogã até chegarem de novo ao chão. Ao saírem do arco-iris, se sacudiram. Se abraçaram e se sentaram para um descanso.

Então Ti falou quebrando o curto silêncio:

– Oi Ami, eu sou Ti. Essa é minha esposa Tai – falou apontando para Tai – e minha filhinha Valentina – falou apontando para Vi. Estamos muito felizes de ter te encontrado.

– Oh, muito prazer em conhecer essa família tão agradável e corajosa. Eu é que estou feliz de ter sido encontrado.

– E agora que te encontramos, precisamos saber, o que aconteceu? – Perguntou Tai.

Ami pareceu surpreso.

– Ué?! Mas vocês não sabem?!

E a família balançou a cabeça negativamente.

– Caramba! E vocês vieram todo esse caminho sem saber? Deve ter sido uma aventura e tanto.

E a família sacudiu a cabeça positivamente.

Então Ami começou a contar a história do capturador dos sorrisos. Ou pior, da capturadora do sorrisos.


Leia também: Vi e o primeiro sorriso — Vi e o livro dos sorrisos livres – Parte 1 — Vi e o livro dos sorrisos livres-Parte 2 — Vi e o livro dos sorrisos livres – Parte 3 — Vi e o início de uma nova missão — Vi em busca do líder desaparecido – Parte 1 — Vi em busca do líder desaparecido – Parte 2 — Vi em busca do líder desaparecido – Parte 3 — Vi nas Terras Nem Tão Distantes – Parte 1 — Vi nas Terras Nem Tão Distantes – Parte 2 — Vi nas Terras Nem Tão Distantes – Parte 3 — Vi e o arco-iris – Parte 1 — Vi e o arco-iris – Parte 2