Vi e uma reunião inesperada

Quando os pássaros sobrevoaram a casa de Vi, eles não puderam ver que algo realmente os esperava. Os pássaros pousaram no jardim e Ami, Ti, Tai e Vi se despediram deles e se aventuraram a entrar na casa, que descobriram sentir tanta falta. Na sala, sentada de forma saturna estava Senhora Temporana. A família, acompanhada de Ami, andou cautelosamente até o sofá. Pé ante pé. Esperando o que estava por vir.

– Ora, ora, ora – Disse Temporana em um tom de voz nada agradável. Finalmente chegaram. Pensaram que poderiam escapar de mim? Pensaram que eu não iria descobrir os planos mirabolantes que tiveram?

Nem um deles falava. Todos olhando para Senhora, pasmos. E ela continuou:

– Quem lhes deu o direito de libertar o líder dos sorrisos livres? Hein?! Quem?! Se acham muito bravos e corajosos? Se acham muito espertos? Pois saibam vocês que tudo o que Cins é hoje, tudo o que Cins possui é por minha causa. Essa era uma terra de tolos. Sorrindo para lá e para cá. Sendo felizes e não se importando com nada. Fazendo amigos. Seguindo sonhos. Não! Não poderia deixar esses tolos controlar a terra de Cins! E agora me vem vocês. Vocês com seus sorrisos proibidos, trazendo problemas de volta para Cins! O que pensavam? Que eu não ia perceber o arco-íris? Que eu não iria notar a visitinha que me fizeram com aquela torta, para tentar roubar de mim informações? Acharam que eu não iria perceber a desordem na rotina do Cinsanos?

Ti, Tai e Vi ainda olhavam arregalados para Senhora, sem nem tentar contestar. Mas Ami, cansado do que estava ouvindo, toda aquela baboseira, decidiu que era hora de por um ponto final naquilo. Ele se aproximou de Senhora. E ela parou de falar enquanto ele se aproximava. Ele chegou mais perto. E mais perto. E mais perto. Até ficar cara a cara com ela. Num movimento que ninguém esperava, Ami a envolveu em seus braços. A abraçou acolhedoramente. A abraçou com muita força. Um abraço de ursa mãe. Um abraço que arranca sentimentos enterrados.

Vi se juntou a Ami no abraço alguns minutos depois. Seu corpinho abraçando as pernas de Temporana. Depois Ti e Tai se juntaram a eles nesse abraço em grupo. E o calor e amor de todos aqueles abraços começou a penetrar Senhora. Entrou em suas mãos, em seus braços e pernas, na barriga, no rosto, nos cabelos, nos dedos do pé, na cabeça e no coração. Depois entrou nas memórias e pensamentos, no amago e alma. O calor foi derretendo seus medos. Foi derretendo suas mágoas. Foi derretendo seus pesadelos. E depois de tudo derretido, o calor daqueles abraços começou a plantar novas sementes. Sonhos. Ternura. Empatia. Compaixão. E, no começo, a Senhora tentou lutar contra isso, tentou manter as raízes de seu azedume, mas os abraços foram mais fortes, mais contagiantes. Os abraços que curam.

Os abraços trouxeram uma nova vida. E dos abraços surgiram os sorrisos. Ami sorriu. Vi sorriu. Ti sorriu. Tai sorriu. E, por fim, se rendendo sem confronto, Senhora Temporana sorriu pela primeira vez em sua vida. E o seu sorriso lhe tornou mais jovem e, também pela primeira vez, mais feliz.


Leia os capítulos anteriores, aqui.

 

Vi e o mundo de Cins disponível para compra no Clube de Autores

Amigos leitores,

depois de mais de um ano trabalhando nesse projeto, finalmente está aqui… pronto, finalizado e disponível para compra.

O livro Vi e o mundo de Cins é uma aventura infantil. É um livro doce e divertido, sobre família, amigos, o poder de um sorriso e a busca pelo desconhecido.

Para quem acompanha o blog, praticamente todo o livro está disponível aqui também para leitura.

Espero que gostem. Obrigada =)

Fonte: Confira minha obra publicada no Clube de Autores em

Vi e o retorno a Cins

Os pássaros se apresentaram cordialmente e se curvaram para frente para que ficasse mais fácil para a família monta-los. Vi e Tai foram em um pássaro e Ami e Ti no outro. Ti estava meio apreensivo por conta de seu medo de altura, mas o pássaro prometeu que não faria voos rasantes e nem movimentos inesperados. Apenas se fosse realmente necessário. Os pássaros estavam contentes em poder fazer aquela pequena viagem a Cins, pois fazia tempo que Ami os contava historias a respeito da terra e eles gostavam de viajar e quase nunca tiravam ferias em outras terras.

Enquanto voavam, Ami e Ti conversavam sobre o que poderia ter acontecido com Duvidel, filho da Senhora Temporana. Juntos chegaram a teoria de que Duvidel se sentiu culpado por ter capturado Ami a pedido de sua mãe, e percebeu que a mudança em Cins o deixou triste. Porem, não podia encarar sua mãe. Ou talvez, a tenha contestado e mudado de ideia a respeito do plano todo, e ela o transformou em invisível. Ambos gostaram da teoria e decidiram que ficariam com ela até chegar em Cins e que confrontariam Temporona para saber se foi isso mesmo que aconteceu.

No outro pássaro, Vi se aconchegou no colo de sua mãe, e fixou os olhos no céu. Vendo nuvens passaram deslizantes, e notando a mudança de cor da paisagem conforme avançavam.

Quando os pássaros sobrevoaram sobre a Rocha Azul, Tai falou para Vi… Olha filhinha, estamos passando pela Rocha Azul, olha o tamanho da escadaria que descemos, ela disse apontando para a escada encravada na rocha que a família havia descido pouco tempo antes.

Ti falou para Ami, olha lá a rabugenta guardando a porta de entrada da Rocha Azul. E Ami olhou com curiosidade e falou: Que bom que não precisamos fazer o caminho de volta a pé. E Ti concordou.

A viagem de ida, que havia demorado alguns dias, levaria algumas horas voando. Os pássaros seguiam tranquilos como brisa de verão. Suas penas eram macias como travesseiros e eles assoviavam canções de ninar. O dia estava se esvaindo e a noite pintava a paisagem.

Ti e Ami, Tai e Vi se aninharam em seus respectivos pássaros e caíram tranquilamente no sono. Estavam exaustos. E o conforto daquela viagem era tudo o que precisavam. Ao chegar em Cins, Tai iria preparar cafemelo e pão cins para todos eles.

Os quatro embarcaram cada um em um sonho diferente durante a viagem. Eram sonhos cheios de sonhos dentro. Aventuras. Cores. Cheiros. Danças. Alegria. Os melhores sentimentos invadiram os pensamentos dorminhocos.

Ami, Ti, Tai e Vi acordaram com os dois sois brilhando em suas faces. Os pássaros já tinham cruzado a fronteira de Cins. Ti passou as coordenadas para chegarem em casa. Logo, logo estariam la. Ele tinha uma ansiedade dentro dele agora, para saber o que ia acontecer. Para saber o que tinha acontecido enquanto estavam fora. Para saber o que os aguardava. Tai também estava ansiosa. Vi estava animada. E Ami, Ami não perdia as esperanças de que tudo ficaria melhor do que antes.


Leia também: Vi e o primeiro sorriso — Vi e o livro dos sorrisos livres – Parte 1 — Vi e o livro dos sorrisos livres-Parte 2 — Vi e o livro dos sorrisos livres – Parte 3 — Vi e o início de uma nova missão — Vi em busca do líder desaparecido – Parte 1 — Vi em busca do líder desaparecido – Parte 2 — Vi em busca do líder desaparecido – Parte 3 — Vi nas Terras Nem Tão Distantes – Parte 1 — Vi nas Terras Nem Tão Distantes – Parte 2 — Vi nas Terras Nem Tão Distantes – Parte 3 — Vi e o arco-iris – Parte 1 — Vi e o arco-iris – Parte 2 — Vi e o arco-iris – Parte 3 — Vi e o capturador dos sorrisos

 

Vi e o capturador dos sorrisos

Ami começou do começo:
– Cins era uma terra muito alegre. Eu e meus amigos sorríamos e espalhavamos felicidade. Eramos tão contagiantes que começaram a me chamar de líder e a chamar nossa turma de Sorrisos livres. Vivemos bons momentos. Até que alguém não ficou feliz com a nossa felicidade transbordante e resolveu por fim na diversão.
 A família ouvia atenta enquanto Ami falava. 
– Certo dia eu estava andando pelas ruas de Cins e senti a presença de alguém atrás de mim. Quando olhei, não vi nadinha de nada. Continuei meu caminho, mas não deu muito tempo alguém pulou em cima de mim com uma grande coberta preta e me embrulhou. Eu não conseguia ver nada. Me levaram para um quarto, um quarto cheio de livros que nem sabia que existia. 
– O quarto de livros escondidos?perguntou Ti. Ami fez que sim com a cabeça.

– Pois é, deve de ser. Na minha época a gente nem sabia que existia aquele lugar. Me colocaram lá numa cadeira e me desembrulharam. A pessoa que me capturou tinha um livro nas mãos, um de capa de couro marrom. 

– O livro Cins no tempo dos sorrisos livres, afirmou Tai. E Ami fez que sim com a cabeça de novo. 

– Isso. Eu fiquei calado lá, porque tinha uma grande fita na minha boca. Eu aindanão tinha conseguido identificar quem era meu capturador. A pessoa saiu e me trancou lá. Algum tempo depois fingi estar dormindo quando duas pessoas voltaram. Ouvi eles dizendo que iriam me prender na gelatina verde, e logo soube que seria no arco-Íris. Eles me botaram em pé. E finalmente pude ver quem eram… Senhora, Ami falou, enquanto Ti e Tai pensaram a mesma coisa. E o filho dela, Ami continuou. Só que a verdade é que o nome verdadeiro da Senhora é Temporana e o filho dela Duvidel. E elesnão  gostavam nada dos sorrisos livres. Acho que porque eram sozinhos e solitários. Mas, enfim, eu nunca perdi a esperança. Quando me deixaram sozinho de novo, livrei uma das minhas mãos e escrevi o poema enigmático e coloquei no livro. Que imagino foi o que vocês encontraram, certo?!

E a familia respondeu em uníssono:
– Sim, sim.
– Olha, eu realmente pensei que alguém fosse me encontrar antes… Mas o mais curioso é que para me prenderem no arco-Íris, eles tiveram que fazer um aparecer, e eles usaram uma técnica muito maluca, com água e espelhos, mas funcionou. Não sei que engenhoca mirabolante eles fizeram, mas não é que deu certo: E eu achava que o arco-Íris só aparecia quando estávamos felizes.

– Bom – falou Ti – agora sabemos quem fez isso com você e precisamos voltar a Cins e contar para todo mundo o que aconteceu e trazer justiça a Senhora. Ou Temporana… Agora, você falou de Duvidel, não tem nenhum Duvidel em Cins. Eu não conheço. A não ser que ele tenha mudado de nome, o que é possivel. 

Tai confirmava com um movimento de cabeça. Enquanto Vi absorvia toda a informação sendo despejada durante aquela longa conversa. 
– Muito possível, muito possível – Pensou Ami com seus botões. Ou talvez – continuou ele – Duvidel tenha mudado de lado. 
– An?! – Ficou confuso Ti. 

– Pense, no caminho que fizeram, houve alguma ajuda?

– Na verdade, não… começou Ti, passamos por formigões, por sombras zombateiras, por pegadas esquisitas. 

Então Tai exclamou: AS PEGADAS! As pegadas quadradas – ela falava e cutucava o braço de Ti. 
– Ahhhhh – Ti bateu com a mão na testa – As pegadas… As pegadas que distraíram a rabugenta na porta da Rocha Azul… e um frio lhe cortou a espinha.
– Falando nisso – continou Ami – precisamos bolar um plano para voltar. Mas eu tenho uma ideia…

– Ideia – repetiu Vi.

– Que ideia? – Perguntou Tai e Ti ao mesmo tempo.

– Vamos voando!

– Voando?! Interrogou incrédulo o casal.

– Sim! Oras bolas! Confirmou Ami. Aqui tem grandes pássaros e eles são gente boa. Até tentaram me tirar da gelatina, mas as garras não eram grandes o bastante pra me segurar e me puxar. Vou chama-los.

E começou a gritar para o alto: Pa Pa pa Paaaaaa sSa roooosssss Pa pa pa paaaaaaa ssa rooooosssss.
E em pouco tempo grandes pássaros pousaram ao redor de Ami, Tai, Ti e Vi. E eles se encheram de entusiasmos. O retorno para Cins estava garantido! 

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Capítulos anteriores disponíveis aqui

Vi e o arco-íris – Parte 3

Dentro da Rocha não batia vento, nem um soprinho sequer, mas o frio era presente como um elefante na sala. O brilho do arco-íris que a família seguia era lindo. E, de certa forma, hipnotizante. Ti, Tai e Vi andavam de mãos dadas e em fila indiana. Passo por passo. Quase sem piscar. Nem os ecos que ouviam constantemente os distraía. O arco-íris nascia e morria em algum ponto além da Rocha, e o caminho interno deveria ser o método mais seguro de chegar lá.

O brilho do arco-íris era como pequenas velas iluminando as curvas da rocha, ou seria mesmo uma caverna? E após andarem o que pareceu um tempo bem curto, eles avistaram lá ao longe uma outra porta. Eles avançaram com mais velocidade, ansiosos para ver o lado de fora. Quando abriram a porta os corações saltaram para boca. E os rostos se avermelharam de medo e surpresa.

A porta de saída dava para um cenário exuberante, mas eles estavam quase no topo da Rocha Azul. Como era possível que eles andaram tanto? Como era possível que eles nem perceberam que estavam subindo, escalando a rocha por dentro? Todo o caminho, apesar das curvas e desníveis, pareciam estar sempre seguindo em frente e não para cima.

Agora eles teriam que seguir a escada cravada na rocha do lado oposto ao que entraram. E deste lado da rocha ventava muito. E eles tinham que andar com cuidado, pois qualquer vento mais forte podia derrubá-los.

Ti, que tinha medo de altura, suava frio e andava de lado, com as costas para a paisagem. Com a cara tocando a face gelada da Rocha. Vi estava logo atrás de seu pai, e seguia quase engatinhando pelos degraus escuros. Tai, que estava na ponta, tinha um olho aberto e outro fechado e também seguia com as mãos tremendo, sem saber se era medo ou frio.

E assim, meio aos trancos e barrancos, a família desceu a Rocha Azul. O frio e o medo não os deixou apreciar a paisagem, mas se eles estivessem um pouco mais relaxados, poderiam ver o início e fim do arco-iris. E o líder dos sorrisos livres esperando ali, bem no meio do arco-íris.

***

Quando finalmente eles chegaram ao último degrau da escada rochosa, eles comemoram com uma dancinha engraçada e gritinhos “uhulll”. Ti estava tão aliviado que pegou Vi no colo e a girou até os dois ficarem tontinhos da silva. Tai mal podia controlar o sorriso. Era uma felicidade que dizia “Ufa! Passamos por essa e estamos vivinhos”. Depois de comemorarem, a família se recompôs e finalmente se deixaram abraçar pela incrível paisagem a frente. O arco-íris estava tão perto agora, que mal podiam acreditar.

O arco-íris era enorme e as cores mais convidativas do que podiam imaginar. De longe ninguém poderia ver o que a família estava vendo agora. Cada cor do arco-íris tinha uma textura diferente e um objetivo diferente. A primeira cor era violeta. E ela tinha buraquinhos, que a família depois descobriu que serviria para fazer mais uma escalada. Depois era uma cor anil, um azul escuro. Parecia água, mas não molhava. Depois era a cor azul e parecia céu de brigadeiro. A cor verde, que vinha logo em seguida, parecia gelatina. A cor amarela brilhava com o sol mais quente. A cor laranja tinha cheiro de fruta e, por fim, a cor vermelha, que parecia pulsar como as batidas de um coração.

Vi se aventurou primeiro e começou a escalar a primeira cor, com Tai e Ti logo atrás dela. Enquanto subiam o arco-íris, eles se perguntaram se mais aventuras ou perigos os esperava. Ao chegarem quase no meio do arco-íris, eles ouviram alguém chamar

– Hei, aqui, olá….

Vi acenou com sua mãozinha de criança. Enquanto Tai olhava para Ti para sinalizar que alguém estava ali logo adiante. E a pessoa continuou:

– Até que enfim vocês chegaram!

O líder dos sorrisos livres estava preso na cor verde. Da cintura para baixo submergido na gelatinosa cor. Ele tinha uma aparência jovem, o que levou Tai a pensar que o arco-íris parou o tempo para ele.

– Vocês precisam me puxar com bastante força, para eu poder desentalar, mas não podem tocar no verde. Se tocarem, é capaz de ficarem entalados também.

Ele falava como se já conhecesse a família. Parecia feliz por vê-los e otimista de que poderia escapar daquela gelatina em breve. Tai e Ti falaram juntos:

– Aguente firme aí!

O líder continuou a falar, como se uma boa prosa fosse ajudar a família a andar mais rápido.

– Ah, já ia esquecendo, meu nome é Ami. Nossa, tenho esperado por alguém faz tempo. Achei que ninguém ia vir. Se tiverem com sede, podem colocar a mão na segunda cor. Ela não molha, mas mata a sede. Quanto tempo estão viajando: Eu estou preso aqui faz muitos e muitos anos, mas o tempo não passa. Tem mais gente procurando por mim: Quer dizer, eu fui capturado, achei que alguém ia fazer algo. Mas olha, vou te dizer, nunca perdi as esperanças…

Tai achou o líder engraçado. Ele quase não respirava entre uma frase e outra. Estava tão empolgado de ver o socorro, que não podia se controlar. Enquanto ele falava sem parar, a família avançou chegando agora pertinho dele.

– Oi Ami – falou Vi.

– Oi Ami – falou Tai.

– Oi Ami – falou Ti.

– Oi, oi, oi – falou Ami, sorrindo e estendendo os braços para que a família o salvasse.

Por alguns segundos ninguém falou, concentrados em puxarem Ami para fora da gelatina. Eles puxaram uma, duas, três vez… E pah! pum! bam! Os quatro se atropelaram escorregando pelo céu de brigadeiro, como se fosse tobogã até chegarem de novo ao chão. Ao saírem do arco-iris, se sacudiram. Se abraçaram e se sentaram para um descanso.

Então Ti falou quebrando o curto silêncio:

– Oi Ami, eu sou Ti. Essa é minha esposa Tai – falou apontando para Tai – e minha filhinha Valentina – falou apontando para Vi. Estamos muito felizes de ter te encontrado.

– Oh, muito prazer em conhecer essa família tão agradável e corajosa. Eu é que estou feliz de ter sido encontrado.

– E agora que te encontramos, precisamos saber, o que aconteceu? – Perguntou Tai.

Ami pareceu surpreso.

– Ué?! Mas vocês não sabem?!

E a família balançou a cabeça negativamente.

– Caramba! E vocês vieram todo esse caminho sem saber? Deve ter sido uma aventura e tanto.

E a família sacudiu a cabeça positivamente.

Então Ami começou a contar a história do capturador dos sorrisos. Ou pior, da capturadora do sorrisos.


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Vi e o arco-íris – Parte 2

Lá estava ele, o arco-íris de para lá de Rocha Azul. Só depois de o verem de perto é que Ti e Tai entenderam o porque do nome Rocha Azul. A forma como a luz do arco-iris refletia na rocha, o brilho azulado e extra iluminado pelos sois e as gotículas de chuva que nunca secavam, tudo isso fazia daquela rocha Rocha Azul.

Eles retomaram a caminhada, o céu parecia ter se transformado em um azul radiante. Mas quanto mais perto do arco-iris chegavam, mais frio parecia ficar. Era um frio estático. Como se o globo não estivesse girando. Como se o tempo estivesse congelando a cada passo. Toda a linda vegetação os encarava sem movimento. Era como andar em uma pintura, ou uma fotografia. Tudo estava la, mas nada se movia.

Ti e Tai começaram a ficar inseguros. Vi andava no meio deles, segurando a mão de cada um. Ela ainda tinha os olhos iluminados pela curiosidade. Mais a frente eles avistaram alguém. Parecia uma criança de longe, mas ao se aproximaram puderam ver. Era uma senhora de olhos raivosos e cara entediada. Ela tinha um cabelo vermelho desbotado e usava uma toca colorida mas cheia de buraquinhos. Ela não tinha um ar amigável, e seus dedos pareciam cigarros. Saiam fumaças das pontas de seus dedos, o que fez Vi pensar que seria muito arriscado trocar um aperto de mão com ela.

Ela não parecia ser o tipo de pessoa que você colocaria para ser um segurança. Mas era isso o que ela estava fazendo. Estava de guarda. Ela parecia guardar uma porta. Uma porta encravada na Rocha Azul. E a família entendeu imediatamente que para seguirem adiante e encontrar o começo e fim do arco-iris eles teriam de fazer aquela senhora rabugenta se mover.

O enigma para fazer a senhora se mover eles não sabiam. Talvez se eles perguntassem, ela pudesse lhes dar uma pista. Uma pergunta para responder, quem sabe? Tai se arriscou primeiro com um Oi, mas a rabugenta nem piscou. Ti tentou em seguida com um Podemos passar? Mas a rabugenta estava la, paradona e com aquela cara azeda.

Eles pensaram então que talvez pudessem simplesmente passar ao lado da senhora, mas estavam um tanto preocupados. Arriscar ou não arriscar? Enquanto debatiam mentalmente a melhor maneira de passar pela rabugenta, as pegadas quadradas apareceram no chão novamente. E quando as pegadas passaram ao lado da senhora, ela finalmente se moveu, seguindo com os olhos o rastro deixado no chão. Por conta dessa pequena distração, a família escapuliu nas pontas dos pês. Chegaram ate a porta da rocha e la sumiram de vista. A rabugenta voltou a sua posição. E Ti, Tai e Vi estavam aliviados. Ainda não sabiam a quem pertenciam a misteriosa pegada, mas estavam empolgados demais agora.

Naquele momento eles estavam dentro de Rocha Azul e havia um brilho de arco-iris iluminando toda a passagem. Eles sabiam que tinham que seguir aquela luz. E foi exatamente isso o que fizeram.


Leia também: Vi e o primeiro sorriso — Vi e o livro dos sorrisos livres – Parte 1 — Vi e o livro dos sorrisos livres-Parte 2 — Vi e o livro dos sorrisos livres – Parte 3 — Vi e o início de uma nova missão — Vi em busca do líder desaparecido – Parte 1 — Vi em busca do líder desaparecido – Parte 2 — Vi em busca do líder desaparecido – Parte 3 —Vi nas Terras Nem Tão Distantes – Parte 1 — Vi nas Terras Nem Tão Distantes – Parte 2 — Vi nas Terras Nem Tão Distantes – Parte 3 — Vi e o arco-iris – Parte 1

Vi e o arco-íris – Parte 1

Eles andaram e andaram e andaram. E que longa aventura Ti, Tai e Vi estavam vivendo. O sorriso de Vi, a busca pelo livro Cins no tempo dos sorrisos livres, a prancha temperamental, a estrada que levava para Terras Nem tão distantes, formigões assustadores, mas nem tanto, sombras zombeteiras e, finalmente, para lá de Rocha Azul estava ali, onde a família esperava encontrar o começo e o fim do arco-íris.

Tai e Ti ainda esperavam ansiosos para que Vi sorrisse. Eles tinham convicção de que se Vi sorrisse o arco-íris apareceria e eles poderiam ter um senso de direção melhorado. A nova paisagem continuava a deixar Vi extremamente entretida e tudo era fascinante, mas ainda não a havia instigado a sorrir.

Para Ti, parecia uma eternidade. Quanto mais andava, mais longe parecia estar. Para Tai, parecia muito quente. Quanto mais andava, mais quente o tempo parecia ficar. Para Vi, parecia tudo muito brilhante. Quanto mais andava, mais intensa eram as cores.

As pegadas na areia rosa e macia continuavam a se estender. Então Vi notou que havia mais um par de pegadas… Ela olhava para trás enquanto andava, e quando percebeu que definitivamente havia algo errado com as pisadas marcadas no chão ela cutucou Ti e Tai. Os dois olharam na direção em que Vi apontara, mostrando a irregularidade das marcas na areia. Hmmm soltou Ti. Talvez algum bicho esteja fazendo o mesmo caminho. Tai estava apreensiva. Ela falou que não achava isso muito plausível.

A família ficou em pé no mesmo lugar por alguns instantes tentando ver se as pegadas avançariam sem eles, ou se continuariam estáticas. Vendo que nada mudou, eles seguiram alguns passos e não deu outra, outras marcas de outros pés apareceram na areia. Mas não parecia uma marca de um pé comum. Parecia uma marca mais quadrada, sem curvinhas. Eles pararam de novo. Ti coçou a cabeça, Tai mordeu o canto dos lábios e Vi, com sua esperteza ingenua, pegou o cobertorzinho e cobriu o caminho adiante.

Ti e Tai observaram e o estalo veio com um pouco de atraso. Claro! disseram, vamos ver se funciona. Eles pisaram no cobertorzinho, escondendo o rastro daquele pequeno espaço. De repente, a pegada quadrada apareceu do lado do cobertor e depois a frente e continuou seguindo… Será que eles tinham despistado o que quer seja que os estava seguindo?

Eles aproveitaram o cobertor já no chão e sentaram para fazer um lanchinho. E enquanto comiam, por alguns momentos, se sentiam em férias. A paisagem parecia lhes abraçava, delicada e cheia de beleza. Era pouco depois das três, o sóis estavam quentes e a luz de um deles iluminou o rosto de Ti de um jeito engraçado, que ele mal conseguia abrir um dos olhos e ficou assim, um olho fechado, outro aberto, enquanto comia.

E Vi sorriu. Seu pai parecia ter uma mancha de sol sob o olho fechado e a cena lembrou Vi de um palhacito com um olho amarelo que ela tinha em casa. E ela riu e falou, palhacito. E Tai riu logo em seguida, e Ti riu depois. E os três começaram a rir juntos.

Ah, o livro Cins no tempo dos sorrisos livres estava certo, os acontecimentos imprevisíveis causados pelos sorrisos eram mesmo imprevisíveis, mas isso não era necessariamente algo ruim. Porque naquele momento, enquanto a família inteira sorria, o arco-íris mais lindo que eles já tinham visto apareceu pintando do céu a terra, com cores vibrantes e convidativas a poucos metros dali. E eles estavam tão perto do arco-íris agora, que sabiam, dentro deles, assim como as borboletas no estômago anunciavam, eles encontraram o que estavam procurando. E as respostas estariam lá esperando por eles.


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