Os pesadelos de Holly

A última casa, na última rua, no fim do mundo. Era desse jeito que Holly se sentia. Como se ninguém pudesse vê-la, mas ela podia ver todo mundo. Na sua casa, em seu quarto, debaixo das cobertas na cama, Holly criava um mundo novo. Um mundo onde ela podia explorar todos os cantos. Onde ela podia sonhar a noite toda. Um lugar onde a realidade não a arrastaria escada abaixo, para a vida entediante que ela pensava que tinha. Holly tinha 11 anos. Seus cabelos eram escuros e longos, e ela adorava tranças. Não havia espelhos em sua casa, então ela nunca tinha certeza de sua própria aparência. Ela tentava ver seu reflexo nas panelas e nos talhares de sua mãe, mas a sua mãe não gostava nada disso. Ela dizia “você não precisa ficar se olhando, você tá ótima”. O que deixava Holly triste sobre isso era o fato de que sua mãe nunca a olhava diretamente. Por que ela fazia isso? Quase como se ela não quisesse olhar para Holly.

O pai da Holly era um cara bacana. Ela pensava. Ele era um sonhador. Toda vez que Holly via seu pai, ela podia jurar que ele estava flutuando em uma nuvem de sonhos. Na verdade, ela nunca o viu andar como uma pessoal normal, ele estava sempre flutuando. O único problema era que, assim como sua mãe, seu pai nunca prestou muita atenção a ela. Mesmo se sentindo entediada, deixada para trás, invisível e sozinha, ela sabia que amava seus pais e que seus pais a amavam.

Holly foi para casa depois do último dia de aula arrastando sua mochila pelas calçadas. O dia seguinte seria o primeiro dia de verão. Ela não demonstrava nenhum entusiasmo para o mundo ao redor, mas em sua cabeça, ela estava criando uma incrível aventura de verão. Ela chegou em casa e seus pais não estavam por perto. Como sempre, ela estava sozinha se sentindo sozinha. Ela subiu para o seu quarto, jogou a mochila no canto de uma cadeira, tirou os sapatos e pulou para a cama. Ela ficou deitada lá por horas, olhando para o teto. Ela não tinha certeza se estava no meio de um sonho ou se ela tinha dormido. Finalmente, ela fechou os olhos. Não havia mais teto, não havia mais casa, não havia nada. Ela entrou no mundo dos sonhos. Ela não precisava de mais nada. Assim começou um loooooongo e frio verão. O sonho de Holly não era um sonho. Holly entrou em coma.

Deixe seu comentário antes de sair